Água: A Guerra do Futuro

Em tempos modernos, numa constatação da ONU, um bilhão e quatrocentos mil pessoas não têm água tratada em casa, originando diversas doenças, como diarréia e esquistossomose. Um terço da população sem condições vivem o stress da água.

Formada a partir de dois elementos, a água é um composto estável e todos vivemos dela! Recurso considerado, por muitos, praticamente inesgotável, para toda a população mundial, as águas potáveis já são escassas. Diferente da ficção Mad Max, onde houve lutas pelo que restou do petróleo, há o medo de guerras civis através das previsões de disputa pela água, e quem tiver acesso às águas potáveis terão o poder. Hoje, o litro de água é mais caro que o litro da gasolina. Enquanto compramos l’eau minérale da França, é bom lembrar que o Brasil é um dos países mais ricos em recursos no assunto, pois tem ! mais de 25% em água potável do mundo. Existe a previsão, do Banco Mundial, de escassez de água potável em 2004. Enquanto isso, empresas de grande porte, como a Coca-Cola e a Nestlé, vêm comprando terras com fontes pelo mundo inteiro, inclusive no Brasil. A água mineral será o ouro do século 21.

As águas de consumo público são captadas em lençóis subterrâneos e profundos, ao abrigo da poluição, ou em rios e lagos artificiais ou naturais. O tratamento completo da água comporta a eliminação das matérias em suspensão, coloidais ou não, e dos micropoluentes, compostos julgados perigosos ou desagradáveis mesmo em quantidade reduzida (metais pesados, compostos organoclorados, pesticidas, hidrocarbonetos). É um trabalho mecânico, mas excessivamente delicado no que diz respeito a responsabilidade desta. A agricultura consome muita água do mundo. A falta de água prejudica a agricultura; quando a água é pouca falta comida.

Durante a EC! O-92, no Rio de Janeiro, foi instituído o Dia Mundial da Água, cujo principal objetivo é sensibilizar os países membros da ONU para que explorem de maneira mais racional os recursos de água. É de conhecimento dos governos mundiais que os recursos hídricos estão diminuindo gradativamente. De acordo com dados da ONU e da Comissão Mundial Sobre a Água do Século XXI, cerca de 500 milhões de habitantes de 29 países sofrem, hoje, de escassez de água. E para solucionar este problema no mundo, segundo o Banco Mundial, seriam necessários US$ 800 bilhões durante os próximos dez anos. A ajuda internacional não passa de 10% deste total.

A principio, cada país tem desenvolvido uma estratégia. Israel, por exemplo, sendo um país de pouquíssimos recursos fluviais, tem como missão nacional o aproveitamento adequado dos recursos existentes com as mais altas tecnologias para utilização das chuvas de inverno; reutilização de águas residenciais e industriais purificadas; processo de desalinização; conservação e aumento! da pluviosidade; as indústrias redesenham suas instalações, diferente da situação do sucateamento das empresas brasileiras; a agricultura com seus avanços tecnológicos de irrigação, que trazem uma redução significativa da ordem de 20% da perda de água. Israel fornece água para todo o país e também à Jordânia. Neste ano, por exemplo, Israel passou por uma das piores secas dos últimos tempos; a quantidade de água não será suficiente nem para a própria população. Sendo assim, Israel passa pela possibilidade de suspender suas vendas à Jordânia, que será obrigada a comprar de um outro fornecedor mais distante, portanto mais gastos.

O Brasil destinou verbas internacionais para a criação de comitês das bacias, onde, por meio deles, membros da sociedade e dos governos municipais, estaduais e federal buscarão respostas de como deve ser usada a água dos rios. Cheguei a participar, como convidado, de reuniões no início de 1998 para uma das c! inco bacias hidrográficas de Minas Gerais, onde a região de Viscond e de Mauá está inclusa. A proposta é boa, torcer para que não mamem muito dessas verbas e que não acabe em pizza!

São Paulo, por exemplo, em matéria de água potável, dispõe, por pessoa, menos de um terço do nível mínimo recomendado pelas Nações Unidas. Não dispõe de novos mananciais, seus reservatórios continuam sendo poluídos e é assustador o crescimento de loteamentos clandestinos nas áreas dos mananciais, superpopulando essas importantes regiões, poluindo-as através de esgotos domésticos.

A alternativa mais coerente será racionalizar o consumo, desde o cidadão até a indústria, e investir na preservação dos mananciais, combatendo a ocupação dessas áreas. Por enquanto, dizem os governos que para a melhoria da qualidade das águas estão as obras municipais de saneamento básico, a recuperação dos mananciais e a limpeza de córregos, além de projetos de pesquisa de área. Falando deste jeito sobre projetos a serem realizados pelo ! governo, recordo-me quando estava no colegial e tive uma aula de filosofia sobre a diferença entre o de fato e de direito.
A verdade é que estamos cada vez mais distantes da água da fonte. Viramos consumidores dependentes de garrafas e garrafões. Cada vez mais lançam sistemas de filtros e purificadores ultramodernos (um dos últimos, é por osmose reversa).

Cientistas, no mundo, desenvolvem e aperfeiçoam técnicas que permitem melhorar o tratamento das águas residuais, salinas e da água potável. Para tratamentos cada vez mais sofisticados, em proporções semelhantes, crescem os ga$tos.
Pequenas atitudes, como desligar a torneira ao escovar os dentes e só utilizá-la para lavar-se, deixar o chuveiro desligado enquanto não toma banho. Se cada um tomar pequenas atitudes e posturas de cidadãos do mundo, transmitindo aos outros, já é um grande primeiro passo. Tem muita coisa para fazer, tanto os cidadãos quanto as indústrias e os governo!

Os dados são alarmantes. O problema é um fato e real, ultrap assa fronteiras, mas enquanto não chegar às torneiras de cada casa o tema águas escassas ainda será para poucos. É uma questão de tempo. Somos, de fato, dependentes da natureza, devemos prestar maior atenção a este assunto, dando importância real na saúde e na sobrevivência de muitos, evitando futuras guerras. Caso contrário… as águas vão rolar…

Fonte: Alexandre Chut