Um novo destino para o lixo

Muitas campanhas para reduzir os efeitos dos resíduos urbanos têm sido nomeadas Lixo que não é lixo, justamente para conscientizar a população que de tudo que se joga fora muito se pode aproveitar, gerando receitas e reduzindo custos.

A destinação do lixo é um problema constante em quase todas as atividades, sejam elas urbanas ou rurais, apesar de ser mais visível nas grandes cidades. Os Iixões continuam sendo o destino da maior parte dos resíduos urbanos produzidos no Brasil, com graves prejuízos ao meio ambiente, à saúde e à qualidade de vida da população.

Entre as soluções convencionais, temos os aterros sanitários, sendo a alternativa mais econômica. Porém, eles necessitam de grandes áreas isoladas com grande possibilidade de lixiviação de compostos agressivos ao meio ambiente, ocorrida pela ação das chuvas.

Outra solução são os incineradores. Porém, são de alto custo de construção e de energia gasta no processamento, queimando a temperatura muito alta: mais de 900°C. Caso a incineração não seja feita, esta lança gases tóxicos na atmosfera.

A alternativa ambientalmente correta é a seleção e reciclagem do lixo, já utilizada em algumas áreas urbanas, como também no meio rural – principalmente em empresas do agronegócio que buscam a qualidade total e certificações de produção – assim como em comunidades agrícolas que visualizam nichos de mercado que exigem não só que os produtos consumidos tenham qualidade, mas também sustentabilidade e comprometimento com toda a cadeia.

A implantação de um sistema de seleção do lixo começa com uma experiência-piloto, ampliada aos poucos. O primeiro passo é
a realização de uma campanha informativa junto à comunidade, convencendo-a da importância da reciclagem e orientando-a para que separe o lixo em recipientes para cada tipo de material, focalizando a teoria dos três R (reduzir, reutilizar e reciclar).

O fundamento deste processo é a separação, pela comunidade, dos materiais recicláveis do restante do lixo orgânico que é destinado às composteiras.
A compostagem é um processo pelo qual microorganismos da natureza degradam a matéria orgânica, processo aeróbico controlado que ocorre em duas fases distintas: a primeira, quando acontecem as reações bioquímicas de oxidação mais intensas predominantemente termofílicas, e a segunda ou fase de maturação, quando ocorre o processo de humificação. Este processo pode ser mais detalhado no curso on-line de compostagem de carcaças oferecido no site do Canal Tortuga (www.canaltortuga.com.br).

Já o lixo inorgânico, como papéis, vidros, plásticos e metais, deverá passar por triagem de acordo com sua classificação, sendo armazenado em local próprio (próximo à administração ou da fábrica de rações), local este coberto com piso batido revestido de brita ou estrados de madeira, arejado e totalmente cercado, impedindo a entrada de crianças e animais. Esta é uma prática já utilizada em algumas granjas onde há sacarias no recebimento das matérias-primas para o acondicionamento dos materiais descartados pelo processo de produção suinícola, como papéis, plásticos, como recipientes de desinfetantes, algumas vacinas, seringas descartáveis, sacos e luvas plásticas, que são acondicionados separadamente, assim como os metais, as lâminas de bisturi ou agulhas descartáveis. Adiciona-se a este o material proveniente do lixo doméstico produzido pela comunidade pertencente ao sistema.
Deve-se elaborar um plano de coleta, definindo a periodicidade de coleta dos resíduos. A regularidade e eficácia no recolhimento dos materiais são importantes para que a comunidade tenha confiança e se disponha a participar. Não vale a pena iniciar um processo de seleção se há o risco de interrompê-Io, pois a perda de credibilidade dificulta a retomada.

O processo de manejo dos resíduos demandará o treinamento de pelo menos um funcionário para conhecimento e domínio do sistema, equipado com EPI’s como macacão, luvas impermeáveis e calçados apropriados, além de ter a sua disposição máscaras para proteção nasal e óculos de segurança, sendo obrigatório o uso destes EPI’s para a execução dos serviços.

O transporte deste material pode ser considerado em duas etapas, sendo: Interno, é o transporte do material do local de origem (granja) até um local de triagem e armazenamento, na propriedade ou em um centro comunitário; o outro,da granja até seu destino de comercialização, geralmente efetuado por transportes aproveitando o retorno de frete dos próprios insumos da produção suinícola.
Geralmente, já existem, próximo às áreas urbanas, locais onde são comercializados papéis, plásticos, ferragens, vidros e até mesmo entulho de construções, possibilitando o destino final deste material gerando receitas.

Como resultado de todo este processo, temos:
– Ganhos ambientais com a redução significativa dos níveis de poluição ambiental e do desperdício de recursos naturais, por meio da economia de energia e matérias-primas.

Ganhos econômicos – a curto prazo a reciclagem permite a aplicação dos recursos obtidos com a venda dos materiais em benefícios sociais e melhorias de infra-estrutura na comunidade que participa do programa.

– E, finalmente, ganhos sociais no quais os cidadãos assumem papel ativo em relação à administração do processo estimulando a organização da sociedade civil.

Fonte de consulta: Departamento de Eng. Civil / Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental (LESA) Universidade Federal de Viçosa

Fonte: Noticiário Tortuga – Edição 440 – Ano 51