Gavião-de-uruá

Porque eu gosto muito de comer uns caramujos chamados de aruás (ou uruás) no norte do Brasil, ganhei os nomes de gavião-caramujeiro, caramujeiro e gavião-de-uruá. Primeiro eu caço o caramujo na água rasa. Depois me empoleiro e fico esperando que o bichinho comece a sair da casca. O resto é fácil.

Um instante, e pronto: meu bico me serve de espada. No fim de uns dois minutos, sacudo a concha até o caramujo se desprender lá de dentro. Aí só falta tratar de comer o petisco. Também sei pescar. Até cascudo, com aquelas placas duras mesmo.

Preciso bater com ele aqui e ali, para separar a carne do resto, mas não desisto só por isso. Você vê que é natural me chamarem também de gavião-pescador. Na fotografia você está vendo os tais caramujos que eu gosto de comer e, do lado direito, ovos deles. Achou os ovos? Parecem uma penca de continhas cor-de-rosa. Moro no Brasil todo, ou quase, em outros lugares da América do Sul, na América Central e na América do Norte. Prefiro viver perto da água (rios, lagos, terrenos encharcados).

Chego a uns quarenta e quatro centímetros de comprimento. Às vezes ando com uma porção de companheiros. Já o gavião-pescador, ou águia-pescadora, ou gavião-papa-peixe, etc. (ele usa um dos meus nomes, mas é bem diferente de mim), tem uma família só dele. Gavião-pescador (existe no Brasil e quase no mundo inteiro) às vezes está deslizando no ar sem bater as asas e de repente se atira na água, de pernas e pés bem estendidos, para agarrar a presa. (Pode mergulhar na água só os pés, ou o corpo todo).

Depois, levanta vôo depressa, vai para um lugar bom (em geral árvore ou pedra) e devora o peixe. Chega a uns sessenta centímetros de comprimento. Dedo-de-fora de gavião-pescador consegue virar para frente ou para trás, conforme as necessidades, tal e qual o da coruja, e ajuda muitíssimo o dono nas suas pescarias.